domingo, 30 de outubro de 2011

Objetos encontrados


 André Breton no Mercado de Pulgas em Paris em busca de seus Objets Trouvés.


A pesquisa monográfica que estou desenvolvendo, engloba a ideia do Cotidiano Compartido e aborda, além de reflexão teórica sobre esta ação, a problemática dos objetos em relação a arte (em outras palavras, sobre o que faz com que um objeto comum seja transposto para categoria de objeto artístico). Um dos tópicos abordados na monografia é a  influência dos Movimentos Dadaístas e Surrealistas no desenvolvimento deste pensamento. São eles que ao tomarem o objeto funcional como objeto artístico,  abrem o debate sobre os objetos domésticos x objetos de arte. A a apropriação de objetos funcionais, banais, industrializados impôs ao conceito de arte uma redefinição - até então era aceitável pensar a obra de arte pertencendo às categorias pintura e escultura - assim, dadaístas e surrealistas, encarnavam o rompimento da fronteira entre vida cotidiana e arte. 

 Movidos pelo simbolismo dos sonhos,  influenciados pela psicanálise freudiana, o movimento Surrealista colocava em prática o automatismo psíquico na escrita e nos discursos improvisados, as surpresas do acaso, o sonho, o humor, o maravilhoso, os jogos, as enquêtes, os objetos surrealistas, a loucura e o amor.
A prática do acaso se verifica nos passeios que fazia André Breton especialmente ao marché aux puces, o mercado de pulgas de Paris. Essa prática conta com a errância urbana e alude ao conceito de flâneurs construído por Baudelaire. O acaso inspirava o jogo e nesse devir interessava todo tipo de objetos surpreendentes que se podia encontrar em qualquer lugar. Assim surgiu um universo amplo e poético de trabalhos realizados com objetos, nomeados como objets trouvés,  objets démodés, objets invisibles,  ready-mades de Duchamp, objets surrealistes e ainda outros.


Poema Objeto, André Breton (1896-1966)

Os passeios de André Breton ao marché aux puces tinham muitas vezes como único fim a descoberta de objetos que ocasionasse a “atração do nunca visto” e podiam provocar o impulso de comprá-lo ou de simplesmente parar diante dele num ímpeto passional. Esses objetos obsoletos, fragmentados, inutilizáveis, quase incompreensíveis, perversos, que André Breton amava (Blanchot. 2011. p 283), podiam fornecer soluções a um problema artístico Inclusive com a intenção de questionar conceitos estabelecidos a respeito do belo e do apropriado.  Assim, a máscara de esgrima encontrada por Giacometti no mercado de pulgas serviu para dar acabamento a uma escultura que até então estava incompleta. O encontro aparentemente ocasional com um objeto desses podia produzir um processo que revelaria associações ou soluções estéticas não previstas para processos criativos que estariam travados.

                                                    Telefone-lagosta, Salvador Dali

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Minha pesquisa com objetos do cotidiano não começou agora. Sempre tive uma certa candura por objetos esquisitos. Coleciono desde menina objetos diversos e algumas vezes estranhos, numa espécie de de Gabinete de Curiosidades que inicialmente só faz sentido para mim enquanto artista.
Percebo que na minha poética algumas semelhanças com os procedimentos de Breton em busca de seus objetos encontrados, tem muito dos jogos e do exercício do devir em caminhadas que faço em busca de fragmentos do  acaso que trago para meus trabalhos.
A Casa do Rinoceronte é um destes trabalhos que realizei quando estudava a Poética do Espaço de Gaston Bachelard, nas aulas do Mathias Monteiro (meu atual orientador da monografia). 




 Casa do Rinoceronte. 



Casa do Rinoceronte. 
Michelle Cunha
Objeto
10 x 12 cm aproximadamente
2009

Matéria no G1






A jornalista Jamila Tavares do G1 de Brasília  publicou uma matéria muito legal sobre meu trabalho com o Projeto Cotidiano Compartido.

Agradeço a participação e o incentivo para dar continuidade aos empréstimos.

Façam seus comentários, entrem em contato, divulguem para os amigos, compartilhem!






quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Participação de Renato Moll



Museu Nacional. Bicicletada de setembro.


Estreei a bike no dia Mundial sem Carros! Fui à bicicletada de Brasília especial e acabei chegando ao estúdio Arte Livre de comboio! Noite mega agradável ao som de apitos e gritos como "Mais amor! Menos motor!".
A partir do segundo dia, ope...
racionalizei minha vida na magrela! Fiz todos os corres que podia sobre duas rodas e ainda pude aproveitar para andar a pé onde quer que pudesse, desde então! Com a bike compartida, chequei pontos positivos como:
1- Pratiquei esportes, coisa que tenho feito muuuito pouco;
2- Esperimentei a tranquilidade que traz a possibilidade de não pegar engarrafamentos ou se enfurnar no carro;
3- Fiz mais contato com pessoas e outros seres vivos da cidade;
4- Fui a lugares e andei por lugares que nunca havia explorado poraqui, cidade onde nasci.
5- Contribuí com a militância ciclística em prol de uma melhora na mobilidade urbana.

Experimentei alguns desafios como:
1- Não ter onde estacionar, sentindo-me seguro;
2- Não sei se é o meu azar, mas passei maus bocados em minha Universidade (UnB) por conta de uma tranca quebrada e o medo de não poder abandonar a bike nem por uma noite;
3- Andar na calçada ou na pista? Não me impor aos pedestres e não me arriscar em meio aos velozes carros...
4- Não possuo equipamentos de segurança preventiva como: retrovisor, luzes sinalizadores e o famoso capacete.

Sigo feliz, e fui motivado! Agora tenho uma bike novamente, minha "nuvenzinha" permaneceu quebrada por meses a fio, agora me senti praticamente obrigado a consertá-la, o que fiz essa semana. Viva a partilha do que faz bem a todos!
Cada coisa ordinária é um elemento de estima.

Manoel de Barros


partilha

outra câmera para emprestar