segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Anotações



As várias falas sobre os objetos emprestados:
         
As falas que foram registradas durante este processo não induzem a comprovações, nem a resultados; não pretendem explicar, mas tratam de uma tentativa de resgatar a e recriar os sentidos dado por aqueles que de alguma forma fizeram parte deste jogo.
Os relatos, anotações e mapas revelam as varias percepções provocadas pela experiência e contato com o trabalho. Destacaremos no material anexo a pesquisa monográfica, alguns destes registros, nos quais é possível perceber formas distintas de percepção e de vivencia desta ação.
























Agradeço  todos aqueles que participaram da proposta de possuir junto e que colaboraram compartilhando um pouco do seu cotidiano.


terça-feira, 6 de dezembro de 2011

possuir com outros.

Objetos que tenho compartilhado.



Um dos significados atribuído pelos dicionários para a ação de partilhar é a ideia de possuir com outros. Partilhar é o ato de dividir em partes, repartir, distribuir um bem, um pensamento, um lugar. Compartilhar é ação que se situa acima do repartir, pois é o repartir de modo participativo; evoca associação de interesses e valores comuns; envolve o proveito conjunto de algo. Nesta pesquisa, a partilha surge como o mote, uma possibilidade de construir um campo de ação poética de intervenção silenciosa no cotidiano de outras pessoas. Partilha de objetos como proposta-arte, onde se compartilha a presença material de um objeto e se propaga além dele.

Cotidiano Compartido é um projeto que consiste no anuncio de empréstimos de objetos que me pertencem e fazem parte do meu cotidiano, (bicicleta, máquina Polaroid, guarda-chuva, barraca de camping, entre outros). Tem como intenção criar um campo de experimentação baseado no usufruto de um determinado objeto, que transita de um contexto para outro, do domínio do meu cotidiano para o cotidiano de outras pessoas, onde possa ser compartilhado, não só de forma material, mas também subjetiva. Essa transação faz com que um simples objeto passe a ser a peça de um jogo, de uma proposição artística, no entanto, o objeto neste jogo não ocupa o lugar de obra de arte, ele é antes uma ferramenta cognitiva, geradora de sentidos.

Sugerir a partilha no lugar de uma transação comercial alarga os limites entre o publico e o privado se funde. Trata-se de uma proposição que se fundamenta em princípios de confiança, de generosidade, de desapego e de afeto. Neste sentido, a proposta de partilha se impõe a lógica da individualização, substituindo-a pela lógica da coletividade. Busco estabelecer com este trabalho um exercício político em contraponto aos valores da sociedade atual, que limita e prescreve as formas de relacionamento. Do meu ponto de vista, promover a partilha é defender a idéia de cooperação, de subjetivação, de alteridade, de sociabilidade, de compartilhamento de experiências, de valorização da amizade. É utilizar a imaginação e a ironia como arma de resistência.


quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Agora sim!




Depois de uma longa espera, a melhor notícia: já tem filme disponível para venda em Brasília.
Os interessados em pegar emprestada a POLAROID, devem providenciar o filme no Espaço f-508 de Fotografia . Lembrando que não forneço o filme e não tenho parceria oficial com o F-508, sugiro que façam contato direto com eles e antes de pegar a câmera já adquiram o filme de acordo com o modelo acima.
O tempo para o empréstimo será reduzido para 3 dias por pessoa,  em função da quantidade de pessoas interessadas.
O projeto ficará em atividade até o dia 15 de dezembro. Entrará em recesso por um curto tempo e depois retomado com algumas outras propostas de compartilhamento de objetos e ações poéticas.

Obrigada a todos que tem participado.

ampliando a divulgação do projeto








As ações de empréstimos continuam até a primeira quinzena de dezembro como primeira etapa do projeto Cotidiano Compartido.
Em breve postarei depoimentos de pessoas que participaram e algumas reflexões a respeito dos desdobramentos dessa ideia.
Quem estiver interessado, entre em contato pelo telefone divulgado no cartaz ou pelo e-mail: avidaesonho@gmail.com

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Guarda-chuva




Mesmo sem propor uma intervenção física no objeto, existem possibilidades infinitas de recriar seu uso ou de simplesmente colocá-lo diante de outro contexto. 

Os relatos e registros trazem novos pontos de vista e a variedade de significados de um mesmo objeto. Foi assim com Marcelo Araujo. O texto acima conta sua experiência com o guarda-chuva que levou emprestado.



quinta-feira, 3 de novembro de 2011

proposta de alguém que mora longe daqui

Recebi este e-mail e quero compartilha-lo porque achei interessantíssima a proposta que, inclusive, abre para outras possibilidades de desdobramentos do projeto.
Vejam que interessante:

"Quer me emprestar a Polaroid ? 
o unico probleminha pra vc me emprestar a Polaroid é que eu moro há uns 1000km de vc, em Rio Claro, interior de S.P. Se quiser, podemos combinar um emprestimo durante as ferias para nao atrapalhar suas atividades academicas, eu pago o Sedex e promovemos sua ideia que eu achei genial e humana...

O problema de vc aceitar minha proposta é depois ter de emprestar via correio a qualquer pessoa o que pode complicar sua vida pra todo o sempre, por isso aceito um não como resposta e continuarei a achar sua ideia genial...

Posso até fazer uma contraproposta neste caso... Eu te mando uma caixa de filme e um tema e vc me empresta a câmera , sua visao de mundo, e uns minutos pra fazer umas fotos pra mim e depois me manda pelo correio.

A Olympus que vc possui é a TRIP 35 ? Sabia que ela foi escolhida como a camera do seculo XX ? Eu tenho uma TRIP 35 e uma Pen.

Eu sou fisico por formacao, mas analista de sistemas por profissao, trabalho na Unesp, moro em Rio Claro, sou fotografo amador, luto por causas de mobilidade urbana, se quiser dar uma olhada nas minhas coisas..."
Samuel Bueno

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aqui podemos ter acesso ao trabalho de Samuel:
http://exerciciosfisica.blogspot.com/ (Onde posto exercicios de Fisica, Matematica, Logica, Bco de Dados e outras coisas exatas, vc vai achar um tedio, mas tai...)
http://www.webcamnabike.blogspot.com/ (Mobilidade urbana na ex capital da bicicleta, usando fotos e textos)
http://samuelbin.blogspot.com/ (Musica, textos de ficção, espaço pra devanear)
http://www.lomography.com/homes/samymay/ (Fotos analógicas)







compartilhar olhares



Compartilho um texto de Eduardo Galeano que vem a calhar com a provocação poética da proposta do projeto.
Desde que coloquei esta proposta em ação, tenho recebido muitos telefonemas e e-mails solidários a campanha de empréstimos. No geral as pessoas se mostram bastante contentes e sensíveis com o trabalho, enfatizado principalmente o gesto de partilha como algo que havia se perdido nos tempos atuais.
A ideia é exatamente esta, de provocar a reflexão de que um outro estilo de vida é possível, além das relações comerciais que normalmente estabelecemos em torno da aquisição de objetos e bens.
O discurso que nas entrelinhas está embutido nos cartazes de divulgação da minha proposta, talvez nos faça realmente "olhar" as coisas materiais, o mundo e as nossas relações interpessoais por um outro angulo. Se isso realmente ocorre, o trabalho alcançou seus objetivos. 

Função da Arte I
Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar.
Viajaram para o Sul.
Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando.
Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto fulgor, que o menino ficou mudo de beleza.
E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai:
- Me ajuda a olhar! 
Eduardo Galeano.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

anotações sobre a partilha


Esta proposta:
  • articula conceitos e ações que problematizam e potencializam meios de colaboração, circulação e deslocamento no trabalho artístico. Novas formas de apropriação e atribuição de sentido à experiência cotidiana serão colocadas em evidência.
  • estabelece a criação de um campo poético, onde o indivíduo pode tornar sua visão singular de mundo em algo visível em potencialidade.
  • propõe, sobretudo, encontros.  Meu encontro com o outro, do outro com o objeto, do objeto e do eu com o lugar, num espaço lúdico onde as regras não são rígidas e as coordenadas são imprecisas, abrindo múltiplas possibilidades para o acaso. Um processo cujas reações são imprevisíveis sejam estas de ordem individual ou coletiva, resultantes de interações entre o objeto, o participante e o ambiente urbano.


Ao propor o empréstimo, o objeto é deslocado para o território das práticas artísticas, transformando o seu sentido e a sua função. Soma-se a isso a relação entre o íntimo e o público e a possibilidade destes objetos ganharem novos e peculiares significados, embebidos de novas experiências cotidianas pessoais, a partir do seu usufruto. 

Todos os objetos escolhidos emanam e solicitam o usufruto em movimento/deslocamento, a proposta sugere que o uso do objeto seja praticado em diferentes lugares e as anotações no mapa aludem ao participante o reconhecimento e a apropriação desse espaço que lhe pertence construindo uma cartografia particular. 




Objetos atualmente disponíveis





domingo, 30 de outubro de 2011

Objetos encontrados


 André Breton no Mercado de Pulgas em Paris em busca de seus Objets Trouvés.


A pesquisa monográfica que estou desenvolvendo, engloba a ideia do Cotidiano Compartido e aborda, além de reflexão teórica sobre esta ação, a problemática dos objetos em relação a arte (em outras palavras, sobre o que faz com que um objeto comum seja transposto para categoria de objeto artístico). Um dos tópicos abordados na monografia é a  influência dos Movimentos Dadaístas e Surrealistas no desenvolvimento deste pensamento. São eles que ao tomarem o objeto funcional como objeto artístico,  abrem o debate sobre os objetos domésticos x objetos de arte. A a apropriação de objetos funcionais, banais, industrializados impôs ao conceito de arte uma redefinição - até então era aceitável pensar a obra de arte pertencendo às categorias pintura e escultura - assim, dadaístas e surrealistas, encarnavam o rompimento da fronteira entre vida cotidiana e arte. 

 Movidos pelo simbolismo dos sonhos,  influenciados pela psicanálise freudiana, o movimento Surrealista colocava em prática o automatismo psíquico na escrita e nos discursos improvisados, as surpresas do acaso, o sonho, o humor, o maravilhoso, os jogos, as enquêtes, os objetos surrealistas, a loucura e o amor.
A prática do acaso se verifica nos passeios que fazia André Breton especialmente ao marché aux puces, o mercado de pulgas de Paris. Essa prática conta com a errância urbana e alude ao conceito de flâneurs construído por Baudelaire. O acaso inspirava o jogo e nesse devir interessava todo tipo de objetos surpreendentes que se podia encontrar em qualquer lugar. Assim surgiu um universo amplo e poético de trabalhos realizados com objetos, nomeados como objets trouvés,  objets démodés, objets invisibles,  ready-mades de Duchamp, objets surrealistes e ainda outros.


Poema Objeto, André Breton (1896-1966)

Os passeios de André Breton ao marché aux puces tinham muitas vezes como único fim a descoberta de objetos que ocasionasse a “atração do nunca visto” e podiam provocar o impulso de comprá-lo ou de simplesmente parar diante dele num ímpeto passional. Esses objetos obsoletos, fragmentados, inutilizáveis, quase incompreensíveis, perversos, que André Breton amava (Blanchot. 2011. p 283), podiam fornecer soluções a um problema artístico Inclusive com a intenção de questionar conceitos estabelecidos a respeito do belo e do apropriado.  Assim, a máscara de esgrima encontrada por Giacometti no mercado de pulgas serviu para dar acabamento a uma escultura que até então estava incompleta. O encontro aparentemente ocasional com um objeto desses podia produzir um processo que revelaria associações ou soluções estéticas não previstas para processos criativos que estariam travados.

                                                    Telefone-lagosta, Salvador Dali

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Minha pesquisa com objetos do cotidiano não começou agora. Sempre tive uma certa candura por objetos esquisitos. Coleciono desde menina objetos diversos e algumas vezes estranhos, numa espécie de de Gabinete de Curiosidades que inicialmente só faz sentido para mim enquanto artista.
Percebo que na minha poética algumas semelhanças com os procedimentos de Breton em busca de seus objetos encontrados, tem muito dos jogos e do exercício do devir em caminhadas que faço em busca de fragmentos do  acaso que trago para meus trabalhos.
A Casa do Rinoceronte é um destes trabalhos que realizei quando estudava a Poética do Espaço de Gaston Bachelard, nas aulas do Mathias Monteiro (meu atual orientador da monografia). 




 Casa do Rinoceronte. 



Casa do Rinoceronte. 
Michelle Cunha
Objeto
10 x 12 cm aproximadamente
2009

Matéria no G1






A jornalista Jamila Tavares do G1 de Brasília  publicou uma matéria muito legal sobre meu trabalho com o Projeto Cotidiano Compartido.

Agradeço a participação e o incentivo para dar continuidade aos empréstimos.

Façam seus comentários, entrem em contato, divulguem para os amigos, compartilhem!






quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Participação de Renato Moll



Museu Nacional. Bicicletada de setembro.


Estreei a bike no dia Mundial sem Carros! Fui à bicicletada de Brasília especial e acabei chegando ao estúdio Arte Livre de comboio! Noite mega agradável ao som de apitos e gritos como "Mais amor! Menos motor!".
A partir do segundo dia, ope...
racionalizei minha vida na magrela! Fiz todos os corres que podia sobre duas rodas e ainda pude aproveitar para andar a pé onde quer que pudesse, desde então! Com a bike compartida, chequei pontos positivos como:
1- Pratiquei esportes, coisa que tenho feito muuuito pouco;
2- Esperimentei a tranquilidade que traz a possibilidade de não pegar engarrafamentos ou se enfurnar no carro;
3- Fiz mais contato com pessoas e outros seres vivos da cidade;
4- Fui a lugares e andei por lugares que nunca havia explorado poraqui, cidade onde nasci.
5- Contribuí com a militância ciclística em prol de uma melhora na mobilidade urbana.

Experimentei alguns desafios como:
1- Não ter onde estacionar, sentindo-me seguro;
2- Não sei se é o meu azar, mas passei maus bocados em minha Universidade (UnB) por conta de uma tranca quebrada e o medo de não poder abandonar a bike nem por uma noite;
3- Andar na calçada ou na pista? Não me impor aos pedestres e não me arriscar em meio aos velozes carros...
4- Não possuo equipamentos de segurança preventiva como: retrovisor, luzes sinalizadores e o famoso capacete.

Sigo feliz, e fui motivado! Agora tenho uma bike novamente, minha "nuvenzinha" permaneceu quebrada por meses a fio, agora me senti praticamente obrigado a consertá-la, o que fiz essa semana. Viva a partilha do que faz bem a todos!
Cada coisa ordinária é um elemento de estima.

Manoel de Barros


partilha

outra câmera para emprestar

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Polaroid

Caros participantes e interessados na nossa proposta,

No momento em Brasília não encontramos filme 600 para a Polaroid do modelo One Step. Pela internet existem filmes disponíveis na média de R$ 100,00 / 08 chapas. Existem filmes lançados recentemente, pois a Polaroid voltou a ser fabricada.

As pessoas interesadas em tê-la emprestada, devem antecipadamente conseguir os filmes, caso a intenção seja a de usá-la para fotografar (podem existir outras finalidades para o seu uso).

Fotoclub f-508 em breve volta a fornecer estes filmes. Os interessados podem logo em contato com eles para fazer a encomenda, quanto mais pessoas interessadas, mais rápido eles podem agilizar a venda.

Espaço f/508 de Fotografia:
61. 3347 3985 / 8414 8926
fotoclubef508@gmail.com
SCLN 413 Bl D sala 113 – Asa Norte | Brasília/DF

Os empréstimos não estão suspensos, mas haverá uma demora por conta deste problema.
Até o momento 7 pessoas estão na lista de espera pela máquina.


Coisas que estou interessada ao propor esta ação:

  • Coisas que me pertencem venham a ser usufruídas por outros, num jogo onde se pratica a partilha;
  • Retirar o objeto do domínio do meu cotidiano e estendê-lo ao cotidiano de outras pessoas, assim fazê-lo passar de um simples objeto a peça de um jogo, de uma proposição artística;
  • Estender os limites entre o íntimo e o público;    
  • Investigar possibilidades diversas de uso de um objeto por terceiros;
  • Desapego;
  • Um pensamento meu que trafega junto com o objeto quando posto em pratica por outros;
  •  Anotar as experiências vividas e relatadas pelos participantes durante o “jogo”;
  • Situações de utilização/percepção de objetos em relação ao espaço-lugar;
  • Ao invés de produzir objetos e formas, criar um campo de experimentação que se baseia no usufruto de um objeto, perceber isso em relação ao espaço-tempo, indo do campo do doméstico ao público, do dentro para o fora, do meu para o teu, para o nosso, da ausência e da presença, de um contexto para outro, compartilhando não só de forma material, mas subjetiva da mesma experiência.
  • Cartografias diferentes, trajetos criados a partir da experimentação do objeto

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Registros

Ficou assim o mapa da Paola:



clic na imagem para ampliar


Muitos percussos coloridos feitos com a bicicleta emprestada... a viagem foi longa.
Ela me trouxe suas anotações com as impressões dos dias de usufruto da bicicleta.