quinta-feira, 3 de novembro de 2011

compartilhar olhares



Compartilho um texto de Eduardo Galeano que vem a calhar com a provocação poética da proposta do projeto.
Desde que coloquei esta proposta em ação, tenho recebido muitos telefonemas e e-mails solidários a campanha de empréstimos. No geral as pessoas se mostram bastante contentes e sensíveis com o trabalho, enfatizado principalmente o gesto de partilha como algo que havia se perdido nos tempos atuais.
A ideia é exatamente esta, de provocar a reflexão de que um outro estilo de vida é possível, além das relações comerciais que normalmente estabelecemos em torno da aquisição de objetos e bens.
O discurso que nas entrelinhas está embutido nos cartazes de divulgação da minha proposta, talvez nos faça realmente "olhar" as coisas materiais, o mundo e as nossas relações interpessoais por um outro angulo. Se isso realmente ocorre, o trabalho alcançou seus objetivos. 

Função da Arte I
Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar.
Viajaram para o Sul.
Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando.
Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto fulgor, que o menino ficou mudo de beleza.
E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai:
- Me ajuda a olhar! 
Eduardo Galeano.

Nenhum comentário:

Postar um comentário